Desavenças políticas, intrigas e interesses contrariados. Esses, em linhas gerais, são os principais motivos que motivaram a convocação de ex-assessores do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, para prestarem depoimento na CPI do Cachoeira. E o que se pretende nos depoimentos é intimidar e acuar testemunhas, fazendo delas, suspeitas.
Ao menos é assim que pensa o advogado Jorge Jaeger Amarante, que sentará ao lado do seu cliente Marcello Lopes de Oliveira, o Marcelão, na quinta-feira 28, quando o ex-assessor da Casa Militar do Palácio do Buriti será ouvido por senadores e deputados que investigam as relações do contraventor goiano Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos.
Em entrevista exclusiva a Notibras, Jorge Jaeger manifestou descrença com o envolvimento de Agnelo ou de seus assessores com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira. Segundo ele, pinçaram trechos de conversas para especular situações contra o governo do Distrito Federal.
– Isso tudo foi uma ação urdida pela oposição, para tentar desacreditar, desestabilizar e por fim derrubar Agnelo Queiroz. Mas, pelo que se observa, tudo acabou em frustração, com os verdadeiros culpados presos, respondendo a processos na Justiça.
Jorge Jaeger Amarante recebeu a equipe de Notibras em seu escritório, no Setor de Rádio e Televisão Sul. Com voz afável e do alto de toda a sua experiência, o advogado demonstrou confiança na inocência do seu cliente. Também, não é para menos. Ele é especialista em diferentes ramos do Direito (como as áreas cível, tributária, imobiliária) além de acumular uma vasta experiência em Direito Eleitoral, Penal, Administrativo e Constitucional.
Em sua bagagem também está a atuação em escritórios de ministros do TSE (Lacombe e Neves da Silva Advogados Associados e a Azevedo Sette Advogados) além de cursos de MBA pela Fundação Getúlio Vargas. Hoje dirigindo o próprio escritório (o Jaeger & Alves da Costa Advogados Associados) ele é membro da Comissão de Prerrogativas da OAB-DF e acaba de ser contratado pelo Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília para trabalhar no projeto de elaboração do Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica do Parque Tecnológico Capital Digital.
Veja a seguir alguns trechos da entrevista de Jorge Jaeger Amarante.
O senhor tem acompanhando a CPMI instalada a partir das Operações “Vegas” e “Monte Carlo”. Como o DF tem sido atingido?
É evidente que a Polícia Federal efetuou um trabalho pormenorizado do objeto da investigação. Contudo, muitas das pessoas que estão tendo seus nomes envolvidos não tiveram nenhuma ligação com os crimes investigados nas operações em questão. Inobstante, por rixas claramente políticas, sem qualquer substrato prático juridicamente, levaram a uma séria de acusações sem substância contra o atual Governo do Distrito Federal.
Foi algo urdido pela oposição?
Claro! O que se vê é que a oposição, verificando o envolvimento de nomes de seus aliados, pinçou trechos de conversas para especular situações contra o atual Governo, com o objetivo evidente de desestabilizar e mesmo, derrubar o governador Agnelo Queiroz. Para isso, evidente que precisaram também atingir os seus pilares mais fortes, ou seja, o seu Chefe de Gabinete Cláudio Monteiro, por meios diretos ou indiretos, mesmo não havendo, e isto é notório, qualquer ligação dele com os esquemas investigados.
Respeitada a sua opinião, temos uma situação de disputa político-partidária, é isso?
Precisamente. Fica evidente que a CPMI tem um caráter apenas político, e não jurídico. Veja que a Polícia Federal já fez toda a investigação. Logo, o que está sendo investigado? O que há de novo? Nada! Isso é muito prejudicial não só para o Distrito Federal, mas atinge a todo o país, pois desestabiliza a política nacional em um momento em que os esforços deveriam estar voltados para outros fins muito mais relevantes.
Na sua visão de advogado, Agnelo ou alguém do Buriti teria ligações com algum dos fatos investigados?
Sinceramente, acredito o contrário. E não é demagogia ou política, pois minha área de atuação é técnica, jurídica. Faço minha visão como advogado e cidadão. Ao analisar as degravações e áudios das escutas feitas pela Polícia Federal, fica evidente que nem o governador, nem ninguém ligado pelo menos diretamente a ele, teve envolvimento em esquema algum do Sr. Carlinhos Cachoeira.
Mas muita coisa que foi divulgada mostra que…
Não é por aí. Pode-se até especular que houve tentativa do grupo do contraventor goiano que está sendo investigado de chegar ao Governo. Contudo, da simples análise da íntegra do processo investigatório, e não apenas de trechos pinçados e interpretados de forma vil por pessoas sem qualquer conhecimento de ética e moral, verifica-se que não há como acusar o governador Agnelo Queiroz ou qualquer pessoa ligada diretamente a ele em qualquer crime, muito menos nos provenientes das operações Vegas e Monte Carlo.
Marcelão, que é seu cliente, está sendo apontado publicamente como alvo de investigações na operação Monte Carlo. O que o senhor tem a dizer?
Fui procurado pelo Marcello Lopes pouco depois de a mídia citar, inclusive de maneira muitas vezes irresponsável e unilateral, o que já nos permitiu até mesmo a obtenção de liminares contra esta situação, o nome dele como envolvido nas investigações da operação Monte Carlo. Sinceramente, no início pensei que seria um caso complexo, mas com a análise do inquérito, verifiquei que, além de sua própria declaração de inocência, de fato e de direito realmente não há nenhum crime ou irregularidade que possa ser imputado ao meu cliente em quaisquer das operações investigadas.
O que pesa contra o seu cliente?
Absolutamente nada. Tanto isso é verdade que o Marcello não está sendo indiciado ou investigado diretamente por aquelas operações. E isso pode ser atestado certidões emitidas pelos respectivos órgãos, o que comprova os absurdos que vêm sendo divulgados na mídia de forma irresponsável. O que se vê, na linha do que eu já falei anteriormente, é que o nome do meu cliente só está sendo envolvido e divulgado tendo em vista sua relação de amizade com o Cláudio Monteiro, tudo nessa busca política desenfreada de derrubar o governador Agnelo Queiroz.
Qual sua orientação para o Marcelão na CPMI?
Por mais que ele queira falar e esteja preparado, eu o instruí e exigi que ele não se pronuncia na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito. A linha que se vê dos trabalhos é de intimidar e acuar os depoentes, transformando-os, por vezes, de testemunhas em acusados, razão pela qual não autorizarei que isso aconteça.
Que rumos Brasília tomará, a partir do desfecho da CPMI?
Agora que já se viu que a CPMI irá esfriar ainda mais em relação do Distrito Federal, após a excelente defesa feita pelo governador, acredito que finalmente haverá clima político para que ele possa governar conforme seu planejamento. Isto não significa que a oposição não insistirá em tentar derrubá-lo, principalmente plantando denúncias fantasiosas e tentando desestabilizar a governança local.
Quer dizer que depois da tempestade, vem a bonança?
Acredito que o Governo está caminhando para dias mais amenos. Ultrapassada esta tempestade, creio que o governador terá mais condições de exercer as atividades planejadas. Por exemplo, posso citar a própria assinatura da Consulta Pública do Edital para a Parceria Público-Privada que finalmente, após anos e vários governos, deu início à concretização do Parque Tecnológico Capital Digital, em que tive o privilégio de trabalhar. É um empreendimento que certamente levará ao desenvolvimento econômico e social do Distrito Federal, em especial no que tange à educação, à economia e ao emprego, com o estabelecimento de novas e grandes empresas na capital federal.
Fonte: Notibras